Proteção de Dados Contábeis: A Importância do ERP

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Proteção de Dados Contábeis: A Importância do ERP sob a Ótica Jurídica e Empresarial

A evolução da tecnologia trouxe inúmeros benefícios para a administração contábil e tributária das empresas, mas também impôs desafios significativos relacionados à segurança de dados. Advogados e empreendedores precisam compreender não apenas os aspectos técnicos envolvidos na proteção da informação financeira, mas principalmente os fundamentos jurídicos e fiscais que regem essa obrigação. Nesse contexto, os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) surgem como ferramentas estratégicas tanto para otimização da gestão contábil quanto para conformidade legal e proteção jurídica.

O Que É um ERP e Como Ele se Relaciona com a Contabilidade

Um sistema ERP é uma plataforma digital integrada que centraliza diversas funções da empresa — como finanças, contabilidade, fiscal, recursos humanos, compras e estoque — em um ambiente único. Ao reunir dados de forma organizada e padronizada, o ERP aumenta a eficiência operacional e reduz falhas humanas que podem gerar passivos tributários e contábeis.

No campo contábil, um ERP permite:

1. Escrituração contábil automatizada

A escrituração é realizada com base em dados de entrada e saída inseridos no sistema. Isso garante rastreabilidade e integridade das informações contábeis, facilitando a ação de auditores, fiscais e até mesmo do advogado tributarista.

2. Emissão e controle de notas fiscais

O ERP adequa a emissão de notas fiscais eletrônicas (NF-e) às exigências normativas da Receita Federal e das Secretarias de Fazenda. Isso evita erros de preenchimento que podem gerar autuações e multas.

3. Integração com obrigações acessórias

Entregas como SPED Contábil, SPED Fiscal, EFD-Reinf e DCTFWeb são automatizadas e ficam mais seguras, reduzindo a chance de omissões ou duplicidades que poderiam caracterizar infração tributária.

Segurança de Dados na Perspectiva Jurídica

A segurança das informações contábeis e fiscais deixou de ser apenas uma questão de boas práticas administrativas: ela se tornou uma exigência legal. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), instituída pela Lei nº 13.709/2018, regula o tratamento de dados pessoais, inclusive aqueles utilizados em sistemas empresariais integrados.

Responsabilização civil e administrativa

A empresa que trata dados pessoais de clientes, fornecedores e colaboradores deve implementar medidas técnicas que garantam a integridade, confidencialidade e proteção dessas informações. Em caso de vazamento, a organização pode ser responsabilizada civilmente conforme os artigos 42 e 44 da LGPD. Além disso, pode sofrer sanções administrativas impostas pela ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), como advertência e multa de até 2% do faturamento, limitada a R$ 50 milhões por infração.

Na seara contábil, dados como CPF, endereço, valores salariais, contratos e notas fiscais também se enquadram como “dados pessoais” e requerem proteção legal. O ERP, quando bem estruturado, permite controle de acesso, criptografia de dados, backups seguros e rastreabilidade das ações dentro do sistema, elementos exigidos pelo artigo 46 da LGPD.

Redução de Riscos Jurídico-Tributários com ERP

Empresas sujeitas ao regime tributário do Lucro Real ou Lucro Presumido precisam ter uma estrutura contábil robusta. Os sistemas contábeis integrados ao ERP promovem compliance fiscal e ajudam a evitar infrações como omissão de receita, lançamento duplicado ou cálculo incorreto de tributos.

Prevenção de autuações fiscais

A utilização de um ERP totalmente compatível com a legislação tributária garante que os registros sejam feitos de forma tempestiva e adequada. Isso atende ao princípio da veracidade das escriturações, exigido nos artigos 1.179 e 1.180 do Código Civil e também na legislação tributária, a exemplo do artigo 17 do Decreto nº 9.580/2018 (regulamento do Imposto de Renda).

Facilidade na realização de auditorias internas e externas

Com a implementação de controles internos e históricos de movimentações dentro do ERP, as empresas estão mais preparadas para enfrentar fiscalizações e produzir provas em eventual discussão administrativa ou judicial.

Além disso, a jurisprudência administrativa (CARF) e judicial exige, cada vez mais, que o contribuinte comprove, por documentos consistentes e organizados, a origem de seus créditos fiscais, despesas dedutíveis e operações submetidas à tributação diferenciada (como o ICMS-ST). Um ERP pode ser decisivo nesse contexto.

Responsabilidade do Advogado e do Administrador diante da Segurança Contábil

Tanto o administrador da sociedade quanto o advogado que a assessora têm responsabilidades específicas quando se trata de governança de dados e integridade das informações contábeis.

Administrador como garantidor da veracidade contábil

Segundo o artigo 1.016 do Código Civil, o administrador representa a sociedade e responde por atos contrários à lei e ao contrato social. Isso inclui manter a regularidade contábil, proteger os dados fiscais, e garantir o correto envio das obrigações acessórias. A negligência nessa área pode importar em abuso de poder de gestão, sujeitando-se à responsabilização civil ou até criminal (nos casos de fraude ou evasão fiscal).

Advogado como orientador e gestor de riscos

O profissional do Direito Empresarial ou Tributário deve instruir o cliente sobre a obrigatoriedade legal de proteger dados fiscais e contábeis, conforme exige a LGPD. Também deve participar do processo de elaboração de políticas internas de compliance, sugerindo a adoção de ERPs que cumpram as normativas de proteção de dados.

É nesse ponto que o Direito encontra a Tecnologia: cabe ao advogado diagnosticar os riscos legais e propor soluções que envolvam automação e integridade contábil.

Vantagens Estratégicas Para o Empresário

Mais do que uma exigência legal, a proteção de dados contábeis por meio de ERP representa também uma vantagem competitiva no ambiente de negócios. Empresas que utilizam ERPs se posicionam melhor diante do mercado, bancos e investidores.

Facilidade de acesso ao crédito

Instituições financeiras avaliam padrões contábeis como critério para concessão de crédito. A empresa que demonstra organização e transparência contábil via ERP tem mais credibilidade e acesso a linhas de financiamento mais vantajosas.

Valorização na eventual venda ou fusão

Durante a auditoria prévia (due diligence) em operações societárias, as empresas com maior integridade contábil e registros centralizados têm maior valor de mercado, já que transmitem menor risco ao comprador.

Eficiência operacional e economia tributária

A padronização dos lançamentos contábeis evita retrabalho e erros. Além disso, possibilita o aproveitamento correto de créditos tributários, recuperações de tributos e identificação de oportunidades fiscais permitidas pela legislação.

Aspectos Legais e Práticos em Caso de Vazamento de Dados Contábeis

Se houver uma falha sistêmica ou um ataque cibernético que exponha dados financeiros ou contábeis, a empresa deve agir rapidamente para mitigar danos e se proteger juridicamente.

O artigo 48 da LGPD impõe a obrigação de comunicar à ANPD e ao titular dos dados a ocorrência do incidente, com informações sobre a natureza dos dados afetados, medidas de contenção e riscos potenciais.

A ausência de um sistema integrado que demonstre quais dados foram comprometidos, quem teve acesso, e quando ocorreu a violação pode agravar a situação legal da empresa, dificultando inclusive a defesa judicial em ação de responsabilidade civil.

Como Escolher um ERP com Perspectiva Jurídico-Contábil

Do ponto de vista legal, um ERP eficiente deve atender às seguintes exigências:

Compatibilidade com legislações fiscal e contábil

É necessário que o sistema seja constantemente atualizado conforme alterações no Regulamento do ICMS, no SPED, na legislação do IRPJ/CSLL, INSS e outras normas específicas.

Funcionalidades de segurança digital

Deve conter módulos de controle de acesso, utilização de criptografia e mecanismos de registro de logs das operações, em consonância com o artigo 46 da LGPD.

Conformidade com políticas de governança e compliance

A estrutura organizacional da empresa deve integrar o ERP à sua política de compliance, exigindo a revisão constante dos procedimentos internos e a capacitação dos colaboradores que manipulam dados contábeis e fiscais.

Conclusão

A transformação tecnológica por meio dos ERPs representa uma nova fase da governança corporativa. Para o advogado e o empreendedor consciente da importância contábil, tributária e jurídica da integridade de dados, investir na segurança da informação por meio de plataformas robustas não é opcional — é um imperativo estratégico e legal. O ERP adequado não apenas garante a conformidade com a LGPD e outras normas contábeis, como reduz passivos ocultos, facilita auditorias, melhora o acesso ao crédito e protege juridicamente a empresa em um eventual litígio.

FAQs – Perguntas e Respostas

1. Toda empresa é obrigada a usar ERP?

Não há uma exigência legal específica que obrigue o uso de ERP. Porém, empresas do Lucro Real e Presumido devem manter contabilidade regular, conforme o artigo 1.179 do Código Civil. O ERP é uma ferramenta que facilita o cumprimento dessa obrigação com eficácia e segurança.

2. O ERP substitui o contador ou advogado?

Não. O ERP apoia o trabalho do contador e do advogado com dados precisos e integrados. Ele é uma ferramenta, não um agente profissional. Seu uso correto requer orientação técnica e jurídica.

3. O que acontece se ocorrer um vazamento de dados contábeis?

A empresa deve comunicar a ANPD, avaliar os danos e adotar medidas de contenção. Pode haver sanções administrativas e processos judiciais, tanto por consumidores como por colaboradores e terceiros prejudicados.

4. Um pequeno escritório de advocacia precisa de ERP?

Depende da complexidade do escritório. Se houver controle financeiro, contábil ou folha de pagamento de equipe, pode ser vantajoso. Além disso, escritórios que administram sociedades advocatícias com diferentes CNPJs podem centralizar as operações via ERP.

5. Como um advogado pode orientar o cliente na escolha do ERP?

O advogado deve verificar se o sistema atende às exigências da LGPD, se possui rastreabilidade de operações, se está compatível com o SPED e se controla obrigações fiscais críticas. Um entendimento básico de contabilidade e direito tributário é essencial nesse processo.

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Este artigo foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de uma fonte e teve a curadoria de Vanessa Figueiredo Graça, contadora com ênfase em Auditoria e advogada, com mais de 25 anos de experiência no mercado. Pós-graduada em Direito Tributário, Processo Tributário e Contratos, Vanessa é especialista em áreas fiscais, tributárias, gestão contábil estratégica e recursos humanos. Ao longo de sua carreira, liderou a contabilidade de centenas de empresas de pequeno, médio e grande portes, desenvolvendo soluções personalizadas e eficientes para otimização tributária e conformidade fiscal. À frente de uma equipe altamente especializada, Vanessa foca em atender empreendedores e advogados, oferecendo planejamento tributário estratégico e gestão contábil adaptada às necessidades do mercado jurídico. Na IURE DIGITAL, Vanessa utiliza sua vasta expertise para oferecer uma consultoria contábil moderna, auxiliando advogados e seus clientes em processos como abertura de empresas, regularização fiscal e gestão financeira. Sua abordagem prática e assertiva transforma desafios tributários em oportunidades de crescimento, contribuindo diretamente para a sustentabilidade e o sucesso dos negócios.

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