Abono Salarial PIS/PASEP: Aspectos Jurídicos e Contábeis

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O Abono Salarial PIS/PASEP sob a Ótica Jurídica e Contábil

O abono salarial originado dos fundos do PIS (Programa de Integração Social) e do Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) é um dos instrumentos mais relevantes na intersecção entre o Direito do Trabalho, Direito Tributário e a Contabilidade aplicada à empresa. Neste artigo, abordaremos a natureza jurídica do abono, os critérios legais de elegibilidade, obrigações empresariais relacionadas ao envio das informações e as implicações para empreendedores e advogados que atuam na forma consultiva e contenciosa.

Compreender esse tema vai além do interesse em benefícios sociais: envolve reflexos contábeis, tributários e riscos jurídicos para empregadores.

Aspectos Jurídicos do Abono Salarial

O abono salarial previsto na Lei nº 7.998/1990 tem natureza jurídica de benefício trabalhista de cunho assistencial. Seu pagamento é financiado pelos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que é alimentado pela arrecadação da contribuição ao PIS/Pasep, prevista nos artigos 239 da Constituição Federal e 9º da Constituição Federal / ADCT.

Para que o trabalhador tenha direito ao abono salarial, são exigidos requisitos cumulativos estabelecidos legalmente, tais como:

Critérios para Recebimento

Segundo o artigo 9º da Lei nº 7.998/1990 e suas regulamentações:

1. Ter trabalhado formalmente por pelo menos 30 dias no ano-base;
2. Receber até dois salários mínimos de média mensal no período;
3. Estar inscrito no PIS/Pasep há pelo menos cinco anos;
4. Ter os dados corretamente informados no sistema eSocial/RAIS.

A correta informação e registro do empregado são de responsabilidade do empregador. Falhas nos registros gerados nos sistemas informatizados (eSocial ou RAIS) podem prejudicar o trabalhador e gerar responsabilidade administrativa ou judicial à empresa.

Natureza do Pagamento e Prescrição

O valor do abono é proporcional ao tempo trabalhado e limitado a um salário mínimo. Por ter caráter assistencial e individual, sua exigibilidade obedece ao prazo prescricional de cinco anos conforme entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) e da jurisprudência trabalhista.

A ausência de pagamento dentro do prazo estipulado não gera obrigação para o empregador diretamente, mas pode gerar demandas se ficar configurada omissão ou falha na prestação de informações pela empresa.

Implicações para Empreendedores e Escritórios Contábeis

Para o empreendedor, especialmente quem atua no regime de tributação do Lucro Real ou Lucro Presumido, compreender os impactos fiscais e reputacionais da correta observância dos direitos trabalhistas é essencial.

Obrigação de Informação

O cumprimento dos deveres legais relacionados ao abono exige que os dados dos empregados sejam corretamente informados à Receita Federal por meio do eSocial — plataforma unificada que exige consistência nos registros contábeis, fiscais e previdenciários.

A RAIS (Relação Anual das Informações Sociais), que anteriormente centralizava essa comunicação, continua sendo referência para cruzamento de dados, especialmente em períodos anteriores à obrigatoriedade do eSocial.

Empresas que negligenciem a alimentação correta dos sistemas podem ser autuadas por sonegação de informações trabalhistas ou por fraudes previdenciárias, comprometer eventuais créditos fiscais e prejudicar processos de compensação de tributos.

Responsabilidades do Contador

O contador da empresa se torna peça central na operacionalização do compliance trabalhista. Deve assegurar que os registros dos funcionários estejam corretos desde o momento da admissão, passando pela folha de pagamento, envio de obrigações acessórias, cálculo dos encargos sociais e informações no eSocial.

A falha em qualquer etapa pode configurar erro material ou dolo, gerando passivos trabalhistas e mesmo ações regressivas promovidas pelas entidades públicas ou pelos próprios empregados prejudicados.

Desdobramentos Contábeis e Financeiros

Provisão e Reconhecimento Contábil

Apesar de o valor do abono não ser pago diretamente pela empresa ao trabalhador, seu registro contábil pode surgir indiretamente no planejamento financeiro cotidiano. Empresas que mantêm uma política de governança contábil estruturada geralmente fazem projeções do passivo laboral indireto, inclusive considerando a elegibilidade do abono.

Essa estimativa pode influenciar em análises de risco e até precificação de serviços em contratos firmados com órgãos públicos ou em diligências de valuation para fusões e aquisições.

Para empresas que atuam com prestação de serviços temporários ou terceirização, a previsão desses passivos deve ser cuidadosamente acompanhada pelo controller financeiro e pelos advogados corporativos.

Impactos no Custo da Mão de Obra

Embora o abono seja financiado com recursos públicos, o cumprimento ou não dos requisitos legais pode influenciar diretamente o turnover, o moral da equipe e a retenção de talentos — especialmente em empresas de alta rotatividade, como varejo e serviços.

Ademais, a imagem institucional da empresa pode ser comprometida diante de denúncias por irregularidades no pagamento do abono, afetando sua relação com stakeholders e investidores.

Riscos Legais e Oportunidades Estratégicas

Riscos na Esfera Trabalhista e Administrativa

A omissão ou erro nos dados que impedem o trabalhador de receber o abono pode levar a:

– Reclamações trabalhistas com pedidos de indenização por danos morais;
– Ações civis públicas pelo Ministério Público do Trabalho;
– Autuações da Secretaria do Trabalho comprovada a irregularidade;
– Bloqueio de certidões necessárias para participação em licitações e obtenção de benefícios fiscais.

Nesses casos, tanto o empregador quanto seus representantes legais podem ser corresponsabilizados. A jurisprudência é clara no sentido de que o dever de informar é intransferível e essencial à conformidade da atividade econômica.

Oportunidades para Advogados e Consultores

A especialização nesse tema pode ser uma oportunidade estratégica para advogados que atuam com direito preventivo trabalhista e consultores contábeis. Muitas PMEs não estão plenamente conscientes de suas responsabilidades legais quanto ao abono salarial.

A oferta de serviços de auditoria de conformidade trabalhista ou recuperação de créditos pode agregar valor ao portfólio desses profissionais. Além disso, o acompanhamento legislativo sobre futuros programas substitutos do PIS/PASEP permite atuação preventiva em planejamentos estratégicos e reestruturação empresarial.

Considerações Finais

O abono salarial do PIS/Pasep é um tema cuja complexidade exige conhecimento técnico interdisciplinar. Profissionais do Direito e da Contabilidade devem compreender que mais do que um benefício social, ele representa uma engrenagem importante na estrutura de responsabilidades empresariais frente ao Estado e aos trabalhadores.

Seu correto entendimento permite não apenas evitar passivos futuros, mas também posicionar empresas em nível elevado de governança e sustentabilidade das relações de trabalho.

Perguntas e Respostas Frequentes

1. O que acontece se a empresa não informar corretamente os dados do trabalhador no eSocial?

A empresa pode ser alvo de autuação administrativa, ter bloqueios em certidões fiscais e até responder judicialmente se a omissão causar prejuízo ao trabalhador no recebimento do benefício.

2. Há possibilidade de responsabilização do contador por erro no envio das informações?

Sim. Quando comprovado que o contador agiu com negligência ou dolo, ele pode ser responsabilizado civilmente, além de responder a procedimentos disciplinares no CRC.

3. Empresas optantes pelo Simples Nacional também têm essas obrigações?

Sim. Embora recolham PIS de forma unificada, ainda assim devem cumprir integralmente as obrigações de informar corretamente os dados dos funcionários nas plataformas oficiais.

4. O trabalhador pode ingressar com ação judicial contra a empresa por não receber o abono?

Em certos casos, sim. Especialmente se ficar demonstrado que a empresa deixou de cumprir seu dever de informação, o que ensejou o não-recebimento do benefício.

5. O abono implica algum custo direto para o empregador?

Não diretamente. O valor é pago com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). No entanto, responsabilidades acessórias e riscos jurídicos relacionados à informação incorreta podem trazer custos significativos para a empresa.

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Este artigo foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de uma fonte e teve a curadoria de Vanessa Figueiredo Graça, contadora com ênfase em Auditoria e advogada, com mais de 25 anos de experiência no mercado. Pós-graduada em Direito Tributário, Processo Tributário e Contratos, Vanessa é especialista em áreas fiscais, tributárias, gestão contábil estratégica e recursos humanos. Ao longo de sua carreira, liderou a contabilidade de centenas de empresas de pequeno, médio e grande portes, desenvolvendo soluções personalizadas e eficientes para otimização tributária e conformidade fiscal. À frente de uma equipe altamente especializada, Vanessa foca em atender empreendedores e advogados, oferecendo planejamento tributário estratégico e gestão contábil adaptada às necessidades do mercado jurídico. Na IURE DIGITAL, Vanessa utiliza sua vasta expertise para oferecer uma consultoria contábil moderna, auxiliando advogados e seus clientes em processos como abertura de empresas, regularização fiscal e gestão financeira. Sua abordagem prática e assertiva transforma desafios tributários em oportunidades de crescimento, contribuindo diretamente para a sustentabilidade e o sucesso dos negócios.

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