Benchmarking Contábil e Tributário: Uma Estratégia Inteligente para Escritórios de Advocacia e Negócios
Entendendo o Benchmarking na Contabilidade
O benchmarking contábil é uma prática estratégica que consiste na comparação sistemática de indicadores financeiros, fiscais e operacionais de uma empresa com os de outras atuantes no mesmo setor. O objetivo é identificar oportunidades de melhoria nos processos contábeis, adequação tributária, estrutura de custos e rentabilidade.
Para advogados e empreendedores, essa abordagem não é apenas uma ferramenta administrativa — é uma base de análise legal, fiscal e financeira. Através dela, é possível verificar a conformidade com obrigações legais, apurar riscos tributários e desenvolver estratégias de economia lícita — como regimes especiais, redução de carga fiscal e reestruturação societária.
Importância para Escritórios de Advocacia
A adoção de benchmarking contábil é particularmente relevante para escritórios jurídicos por dois motivos principais. Primeiro, a própria atividade do escritório demanda organização e controle financeiro rigoroso, sobretudo com o advento da Lei nº 13.105/15 (Novo Código de Processo Civil), que valoriza a previsibilidade de custos judiciais, inclusive honorários.
Segundo, escritórios que prestam consultoria empresarial devem estar atualizados com práticas benchmark de outras empresas do setor, pois isso reforça a credibilidade nas orientações jurídicas sobre direito tributário, societário e empresarial. Assim, eles ampliam a entrega de valor aos clientes empresariais.
Empreendedores e a Vantagem do Diagnóstico Comparado
Empresários frequentemente operam no escuro quanto aos seus indicadores contábeis. Ao aplicar o benchmarking contábil, eles passam a compreender como sua estrutura de custos, indicadores de lucratividade, inadimplência e desempenho tributário se comparam às melhores práticas do mercado.
Por exemplo, ao comparar a alíquota efetiva de tributos com outras empresas do mesmo segmento no Lucro Presumido ou Simples Nacional, é possível perceber oportunidades de reestruturação tributária para reduzir encargos legalmente. Essa análise também permite avaliar se há excesso de folha de pagamento, despesas administrativas desproporcionais ou margem de lucro abaixo da média do setor.
Aspectos Legais e Tributários Envolvidos
Compliance Fiscal e Segurança Jurídica
Do ponto de vista jurídico, o benchmarking contábil é também um instrumento indireto de compliance tributário. Ao detectar práticas divergentes, seja na apuração de tributos ou na elaboração das demonstrações contábeis, identifica-se o risco de autuações fiscais ou contingências.
A legislação brasileira exige precisão na escrituração contábil e tributária. O artigo 177 da Lei nº 6.404/76 determina que “as demonstrações financeiras devem exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia”. Já o artigo 9º do Decreto-Lei nº 1.598/77 obriga que a escrituração contábil observe os princípios contábeis, sendo integrada à escrituração fiscal.
Portanto, práticas incorretas identificadas por benchmarking — como margens operacionais distorcidas ou tributos recolhidos aquém da média setorial — podem configurar planejamento tributário abusivo ou omissão de receitas, sujeitas a penalidades previstas na Lei nº 9.430/96, com acréscimos de multa de 75% a 150% e juros da SELIC.
Planejamento Tributário Inteligente com Base na Comparação
Ao contrário do que se imagina, o benchmarking não serve apenas para alerta de riscos. Ele é também ferramenta poderosa no planejamento tributário lícito. Identificar quais regimes fiscais são mais utilizados por empresas equivalentes (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real) permite avaliar se a estrutura atual é a mais eficiente.
Diversas decisões do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) reconhecem a legalidade do planejamento tributário quando feito com substância econômica e propósito negocial, como nos acórdãos 1302-003.654 e 2402-009.875. Logo, análises comparativas setoriais fornecem a base técnica e factual para justificar mudanças estruturais, imunes à acusação de simulação fiscal (art. 116, parágrafo único do CTN).
Aplicações Estratégicas do Benchmarking por Profissionais Jurídicos
Reestruturação Societária e Eficiência Tributária
Advogados especializados em direito societário podem usar dados de benchmarking para recomendar desmembramento de unidades de negócios, criação de holdings patrimoniais, ou mesmo fusões e cisões, com respaldo em dados contábeis comparativos.
Isso porque é possível demonstrar objetivamente que outras empresas do mesmo ramo obtêm melhores indicadores com estruturas diferentes. A jurisprudência brasileira, notadamente do STJ, tem admitido reestruturações lícitas como forma válida de reorganização empresarial (REsp 1.682.751/SP).
Avaliação de Performance para Tomada de Crédito
Para empreendedores, indicadores de benchmarking são valiosas ferramentas na negociação com bancos e investidores. Demonstrar que sua empresa performa melhor (ou pelo menos no padrão) da média do setor melhora substancialmente as condições de crédito.
Instituições financeiras observam, além de garantias reais, a rentabilidade, liquidez imediata e endividamento sobre patrimônio. Usar relatórios comparativos reforça a solidez financeira e reduz o custo do capital. Muitos bancos já utilizam benchmarking como crivo em suas análises de risco.
Precificação de Serviços e Otimização de Margens
Empresas de serviços — como escritórios, consultorias e clínicas — têm desafios distintos na precificação. Benchmarking contábil revela valores médios de receitas, custos sobre receita líquida, lucratividade operacional e investimento em pessoal.
Assim, o empreendedor e seus assessores jurídicos podem adequar preços aos padrões do setor sem risco de subfaturamento nem prejuízo à competitividade. Isso é essencial à sustentabilidade do negócio, incluindo para fins de viabilidade jurídica de distribuição de lucros (art. 202 da Lei das S.A.).
Como Implementar um Programa de Benchmarking Contábil
Fase 1: Coleta e Organização de Dados Internos
O primeiro passo é a análise histórica dos dados contábeis e fiscais da empresa. Isso inclui demonstrações contábeis completas (DRE, BP e DFC), balancetes ajustados, e livros obrigatórios, como Livro Diário e Livro Razão.
As informações devem estar organizadas por centro de custo e atividade operacional. Escritórios de advocacia também devem segregar dados entre pessoas físicas e jurídicas, quando aplicável, uma vez que regimes fiscais diferentes geram dados incomparáveis.
Fase 2: Análise de Indicadores de Mercado
A próxima etapa é o mapeamento dos dados médios e top performers do setor. Isso pode ser feito por meios como:
– Relatórios de entidades patronais (ex: OAB para escritórios)
– Dados públicos de sociedades anônimas (CVM)
– Plataformas de inteligência de mercado contábil
– Estudos de consultorias especializadas
Indicadores como EBITDA, margem de lucro líquida, PIS/COFINS sobre faturamento, carga tributária efetiva e despesa com pessoal são os mais úteis para análise comparativa.
Fase 3: Interpretação Técnica e Planejamento Estratégico
Com os dados internos e externos em mãos, uma equipe técnica composta por contador, advogado tributarista e gestor estratégico deve interpretar os resultados. A análise foca em identificar:
– Pontos fora da curva que exijam auditoria interna ou correção
– Oportunidades economicamente viáveis de planejamento tributário
– Possibilidades jurídicas de reestruturação
– Ajustes operacionais e de precificação
Conclusão
Benchmarking contábil e tributário não é uma prática meramente gerencial. É um instrumento de inteligência técnica e legal indispensável para qualquer negócio que aspire longevidade e compliance.
Advogados e empreendedores que adotam essa abordagem tornam-se proativos diante da legislação e das demandas do mercado. Obtêm maior poder de negociação, controle sobre riscos e melhores condições financeiras — sem necessidade de medidas arriscadas ou ilegais.
Em um cenário regulatório cada vez mais rígido, esses profissionais que aplicam o benchmarking como parte de sua rotina decisória estão à frente da concorrência e melhor preparados para crescer de forma sólida.
Perguntas e Respostas Frequentes
1. O benchmarking contábil pode ser utilizado em uma fiscalização tributária?
Sim. Benchmarking é frequentemente usado pela Receita Federal como ferramenta indireta de fiscalização — por exemplo, via cruzamento de informações do SPED e de setores econômicos. Empresas que apresentam margens muito divergentes da média do setor podem ser selecionadas para auditoria.
2. Aplicar benchmarking contábil pode reduzir o pagamento de tributos?
Sim, desde que a análise identifique regimes tributários mais vantajosos e dentro da legalidade. A mudança de regime fiscal, centro de custo ou estrutura societária pode ter impacto direto na carga tributária, diminuindo tributos sem incorrer em evasão.
3. Escritórios de advocacia podem usar benchmarking mesmo sem CNPJ?
Podem, mas com limitações. Profissionais liberais atuando como pessoa física têm menos dados públicos ou comparáveis à disposição. A abertura de uma sociedade unipessoal de advocacia ou empresa individual permite melhor análise comparativa no CNPJ.
4. Benchmarking contábil é caro para pequenos empreendedores?
Hoje em dia, existem ferramentas acessíveis mesmo para micro e pequenas empresas. Além disso, contadores e consultorias já incluem benchmarking básico em pacotes de planejamento tributário. O retorno costuma ultrapassar o investimento.
5. É necessário um advogado tributarista para interpretar os dados?
Idealmente, sim. O contador interpreta os números, mas o advogado atua ao lado, avaliando os riscos legais, viabilidade tributária e legitimidade jurídica das mudanças. A ação conjunta é o que garante segurança e resultados sustentáveis.
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Este artigo teve a curadoria do time da IURE Digital e foi escrito utilizando inteligência artificial a partir de seu conteúdo original em https://www.contabeis.com.br/noticias/71307/o-poder-do-benchmarketing/.